História

  • Publicado em: 05/02/2014 às 09:13   |   Imprimir

Doutor Maurício Cardoso, noroeste do Rio Grande do Sul, situado às margens do Rio Uruguai, fronteira com a Argentina.
Área Ocupacional: 252Km²
População: 5.313 habitantes (dados do IBGE de 2010)
Altitude: 282m
Distância da capital Porto Alegre: 515 Km

O município de Doutor Maurício Cardoso teve sua essência ainda na década de 1920, quando chegaram os primeiros colonizadores, na localidade de Pranchada. Mais tarde, em meados de 1947,chegaram até a Vila onde hoje é a Sede do Município. Estes colonizadores, de origem alemã, vieram na sua maioria de São Pedro do Sul e aqui se estabeleceram em definitivo, constituindo novas famílias, e seus descendentes permanecem enraizados neste município até os dias de hoje. Estes pioneiros foram Ernesto Wätcher, Paulo Nüske, Adolfo Sulzbacher, Emílio Jung, Alfredo Fröemming e Fernando Nüske.

No entroncamento da Avenida Getúlio Vargas com a Rua Pedregulho, existia na época uma árvore de Guajuvira, a qual originou, na época, a denominação de Esquina Guajuvira. Por sugestão do responsável pela demarcação das terras, Luiz Giacomeli, a localidade passou ase chamar Esquina Maurício Cardoso, em homenagem ao seu grande amigo, o Deputado Federal, Maurício Cardoso, recentemente falecido.
A colonização teve rápida expansão, em virtude da fertilidade das terras para produção de alimentos, tanto para consumo próprio quanto para o mercado consumidor, que absorvia o excedente,apesar das dificuldades de transporte da época.
A Esquina Maurício Cardoso, que pertencia inicialmente a Santa Rosa, e por último a Horizontina, cresceu e se tornou uma comunidade economicamente forte e bem estruturada. Despertou as lideranças para a emancipação a partir de 1986, o que viera a ser confirmado em 20 de setembro de 1987, desmembrando-se de Horizontina.

A então Vila de Doutor Maurício Cardoso tinha uma população de 2.107 habitantes com aproximadamente 400 residências Em 8 de dezembro de 1988, a Lei Estadual nº 8455 oficializou a criação do município de Doutor Maurício Cardoso, que fora institucionalizado em 1º de janeiro de 1989.

Atualmente o município possui uma população de 5.494 habitantes e dois distritos: Vila Pitanga e Vila Pranchada,ambos com ruas pavimentadas e uma excelente infra-estrutura para os munícipes.
A economia continua sendo essencialmente agrícola com características minifundiárias. O comércio local apresenta-se com uma diversidade de opções e qualidade no atendimento. As potencialidades do município são trabalhadas para o desenvolvimento e para destacar Doutor Maurício Cardoso em toda região noroeste, com o turismo a agricultura e a cultura local.

Comissão Emancipacionista
Presidente: Tarcisio Solênio Dotto
1º Vice-Presidente:Celito Saviczki
2º Vice-Presidente:Ilvo Roehrs
3º Vice-Presidente:Evaristo Pandolfo
Secretário:Nilvo Schirmer
1º Vice-Secretário:Jorge Luiz Bellinaso
2º Vice-Secretário:Lauro Ricardo Beskow
Tesoureiro:Paulo Jank
1º Vice-Tesoureiro:João Daniel
2º Vice-Tesoureiro:Armelindo Baldissera

Colonização
Com a criação da colônia Santa Rosa, em 1915, começaram a encaminhar-se para a região grandes levas de colonos vindos dos mais diversos pontos do Estado do Rio Grande do Sul, com o objetivo de transformar esta região numa rica zona de produção, através da exploração intensivada terra.

Na chegada, os colonos recebiam os lotes que lhes eram destinados pelos capatazes da Companhia Colonizadora Dahne & Conceição, ou aqueles que o próprio colonizador já tinha escolhido, em função de parentes já estabelecidos nessa região.
Ao chegarem no lote adquirido, iniciavam logo a construção de uma casa para se protegerem das intempéries e dos animais selvagens. Iniciavam a abertura de picadas, a facão.
O desbravamento da floresta, construção de casas e galpões foram as atividades essenciais, nos primeiros anos descolonização.

O esforço inicial de preparar o terreno e lançar a semente à terra, quase sempre era recompensado com a abundância da colheita. Quando havia excedente, existia a dificuldade de transporte. Os caminhos eram picadas. As distâncias do mercado consumidor eram enormes, além da precariedade dos meios de transportes.
A divisão dos lotes coloniais obedecia ao sistema adotado pela Comissão de terras de Santa Rosa que constituía em servir a todos os lotes por estradas de rodagem e um curso d'água. Porém as dificuldades persistiam.
As casas eram simples e uniformes,feitas de madeira e cobertas de tabuinhas lascadas a mão.
O processo de colonização do município de Doutor Maurício Cardoso, iniciou efetivamente no ano de 1920, quando aqui chegaram os primeiros colonizadores, na localidade de Pranchada.

Colonização Polonesa
Este resgate histórico começou pela etnia polonesa, num pleito de gratidão àqueles que iniciaram o seu trabalho pioneiro.
Segundo depoimento de alguns moradores das localidades de Esquina Pedregulho, Pedregulho e Lajeado Dezoito, em 1937 a Companhia Dahne -Conceição iniciava a medição e a venda das terras recebidas, como pagamento da construção da Ferrovia Cruz Alta, Esquina Cruzeiro.

Esta Companhia fazia a divulgação da colonização da Polônia através do consulado Brasileiro em Varsóvia. Mediante carta sanitária, atestando boa conduta e vacina contra a varíola, podia-se emigrar para o Rio Grande do Sul, cuja emigração estendeu-se até 1939. Muitos deles, vieram para esta região, desembarcando no porto de Rio Grande,deslocavam-se de trem até Cruz Alta e por outros meios até Santa Rosa, onde ficavam em um acampamento da Companhia Dahne, onde hoje está situado o Colégio Santa Rosa de Lima. Ali acampados, o chefe da família escolhia o lote e providenciava uma carroça para o transporte familiar. Essas colônias correspondentes a 25 mil metros quadrados, eram adquiridas mediante pagamentos de 25% do valor total.
Os Poloneses começaram a vir para o Brasil no final do século passado, entre 1886 e 1907, sendo que 23.796 destes imigrantes se instalaram no Rio Grande do Sul.

As primeiras famílias que se estabeleceram em nossa região foram: Franus, Dulnik, Suchek, Markowski,Sloniec, Maruchak, Goench, Langwinski, Lesko, Bujac, Macias, Zasymowicz,Bolbotka, Groech, Glusczuk, Dziachan, Wazny, Obirek, Flis, Zubsycki, Koziol,Pelech, Cichy, Wasczteviuk, Denega, Zasharuk, Bogowicz e Rocniak.
A principal razão que os levou a emigrar para o nosso Estado foram: alguns fugiram da fome, do frio e outros das perseguições políticas em seu País, da guerra e em busca de melhores condições de vida.

No início, estes colonizadores preservavam as tradições com a língua, festas religiosas, os enterros, etc.,mas, com a Segunda Guerra Mundial, Getúlio Vargas, Presidente da República,proibiu o ensino de línguas estrangeiras e outras manifestações culturais,modificando assim, esses costumes.
Para manter a cultura literária polonesa, mantiveram por um período indefinido, uma biblioteca polonesa volante. Funcionava também uma escola especial para filhos de poloneses, cujas cartilhas e livros vinham da Polônia. Os alimentos eram preparados em panelões pendurados em correntes ou em chapas. Alimentavam-se de muita caça, esta assada em brasa com folha de bananeira. Cultivavam a linhaça que com suas máquinas manuais faziam o linho para confeccionar suas próprias roupas.

Colonização Japonesa
Queremos registrar também, nossa gratidão à colônia japonesa, pela sua contribuição ao desenvolvimento do nosso município.
Em agosto de 1936, chegaram as primeiras famílias japonesas: Goiti Fuke, Seiti Fuke e Terramoto, inicialmente se estabeleceram em São Paulo e logo fixaram residência nesta região, mais tarde chegaram as famílias: Urasato, Otaki, Matsuda, Hasegawa, Tokunaga, Tomiaka,Masegawaii, Takahashi, Kobayashi, Hatano, Sato, Enta e Tonabashi.

Inicialmente, mantinham vínculos com o governo japonês, sob orientação de uma empresa de imigração. Possuíam sua própria escola e seus ensinamentos eram todos em língua japonesa. A economia era baseada no cultivo de milho, fumo, feijão e trigo, e suas técnicas de produção eram mantidas em sigilo, sendo que foram eles que introduziram o plantio de soja em nossa região.
Durante a Segunda Gerra Mundial, o Governo decretou estas áreas de Segurança Nacional e as famílias foram obrigadas a deslocar-se para outras regiões como São Paulo e Porto Alegre.
A comida típica japonesa era Suschi-Manju Moti, feita nas festas do primeiro dia do ano, uma homenagem ao aniversário do Imperador Japonês, e os alimentos vinham do Japão. Costumavam usar a cobra com preparos especiais como um de seus pratos prediletos.
As vestimentas típicas desta etnia eram pouco usadas.

Colonização Italiana
A vinda dos colonizadores italianos contribuiu muito para o desenvolvimento, tanto na agricultura quanto na questão cultural. Com a divulgação e oferta de terras férteis, começou o deslocamento dessas famílias de Guaporé, Santa Maria, Caxias do Sul, em direção ao noroeste do Rio Grande do Sul.
Concluindo o processo de medição e loteamento das terras, a Companhia Dahne & Conceição iniciou a venda de lotes para estes povoadores. Dirigiram-se em maior número para as localidades,hoje conhecidas como: Vila Pitanga (1932), Esquina Londero (1936) e Esquina Grápia (1942).

Dentre algumas famílias pioneiras podemos citar: Alberto Desconsi, José Nardi, Pio José Dotto, Albino e Ângelo Guarienti, João Pivetta, Alexandre Nogara, Antônio Anderle, Ângelo Foletto,Olinto Desconsi, José Golin, Máximo e Francisco Ferrari, João Socol, João Maldalozzo, João Zancanaro e João Strapasson, além de outros. Muitos haviam anteriormente fixado residência, por pouco tempo, nas localidades de Três de Maio, Tucunduva e Esquina Tunas.
Nos primeiros anos, a alimentação foi um grave problema. Era difícil conseguir farinha de trigo e de milho além de outros produtos. Com o tempo, os colonos montaram seus próprios moinhos em cada localidade. As famílias passaram a semear seu próprio trigo, milho e manter sua própria farinha.
Como vimos, os italianos não só desbravaram as matas, cultivaram o solo, espalharam lavouras, mas também foram implantadores de fabriquetas e povoados.

A vida desses primeiros colonizadores, foi muito difícil, costumavam levantar cedo, faziam os serviços caseiros e encaminhavam-se logo para a roça, para a refeição, traziam sempre pedaços de polenta, queijo, salame e toucinho. A refeição era feita na roça sentados sobre as pedras, tocos de árvores ou mesmo no cabo da enxada. A hora do meio-dia era dada pelo toque do sino da capela. Ao voltar da roça ninguém vinha de mão vazia, todos carregavam alguma coisa, como pasto, lenha, radiche de capoeira, abóbora, etc.

Antes das refeições o costume era faze ruma oração, e a noite, após a janta, rezavam o terço. Os alimentos não eram de muita variedade, mas de boa qualidade. Era comum encontrar nas propriedades,parreiras para fazer vinho e pipas, barricas e tinas.
O vestuário era muito simples,compravam uma muda, só quando a outra já estava gasta. Para economizar os sapatos quando iam a missa, levavam na mão e o calçavam próximo a igreja. Outro costume era fazer visitas a noite, para jogar carta, tomar brodo e vinho. Antes do aparecimento da luz elétrica usavam lampião à querosene, na falta desta,substituíam por banha.
Destacamos no artesanato a confecção de chapéus de palha e sacolas chamadas sportas. Com palha de trigo bem selecionada faziam trança e em círculo costuravam formando um chapéu para se proteger do sol. Muitos destes colonos quando aqui chegaram instalaram-se próximos a córregos e construíram moinhos para descascar arroz, fazer canjica e farinha.

Colonização Alemã
Os primeiros colonizadores que chegaram no atual município de Doutor Maurício Cardoso, eram em sua maioria,descendentes alemães vindo das Colônias Velhas e de novas colonizações.
Aqui chegaram aproximadamente em 1942 conforme registros as primeiras famílias: Fernando, Paulo e Luis Nüske, Ernesto Wachter, Emílio Jung, Adolfo Sulzbacher e Alfredo Fröemming.
Entraram em contato com o procurador de terras de Belo Horizonte, hoje Horizontina, o senhor Luís Giacomelli, para adquirir terras e aqui se instalarem. Conforme relato de antigos moradores,estas terras pertenciam ao Estado, e foram demarcadas para famílias pioneiras.

Um agrimensor vinha de Santa Rosa e fazia a demarcação. Até a década de 60, os moradores possuíam como garantia de posse, apenas um contrato particular, pelo qual eram obrigados a pagar uma certa quantia. Mais tarde, por ordem do então Governador Dr. Leonel Brizola, as terras foram legalizadas e todos passaram a ter suas escrituras. Quando os colonizadores aqui chegaram as condições ambientais influíram muito em seus hábitos e costumes.
A casa dos agricultores de origem alemã era modesta, não havia supérfluo, apenas o necessário. Era construída de madeira, telhado de tabuinha lascada a mão. Muitas casas possuíam forma de galpão, tinha duas varandas; numa fazia-se casa e na outra o estábulo e no meio havia um corredor para colocar a carroça.

A alimentação, embora normalmente farta, era inadequada em virtude do abuso de gordura animal, isto se justificava devido ao costume de servir alimentos ricos em calorias em razão do frio do seu país de origem. A tradição era a fabricação de Schimier, Kesschmier, Pão de milho, Chucrute e a Carneação de porco.
Estes aspectos tornaram-se tradições e representaram fatores de união e de desabafo aos sofrimentos ocasionados pelo trabalho árduo destes colonos e seu isolamento social.

Colonização Nacional
Em Lajeado Bugio, depois denominado Lajeado Abobreira e atualmente Vila Pranchada, os mais antigos colonizadores que lá chegaram encontraram vestígios, sendo estes tocos de árvores em estado de putrefação e valos que eram usados para transporte de madeira.

Conforme relato de pessoas da Comunidade como o Senhor João Bledoff que chegou em 1942 e do Senhor Leonardo dos Santos que chegou em 1936, esta localidade já era explorada por volta dos anos de 1800.

Encontraram pioneiros: Antônio Cressêncio, Valdomiro Brites, Isidro Brites e João de Oliveira. E mais:Garibaldi Pedro Vida (chamado de vida por motivo de seu pai ser um curador),Clementino Dias da Silva, Salvador Rodrigues, Oralício Valençuelo, José da Silva, Valter Schultz e Alberto Siebel.

Muitos que aqui chegaram tinham como objetivo principal a terra para a sobrevivência. Outros eram atraídos pela caça e pesca e, terceiros fizeram uso desta região para se refugiarem, pois eram bandidos ou criminosos como: Pala Branca, Grápia, Capa Preta, Terencio, Bico de Ouro, Valdomirão e Maurício.

A maioria destes fugitivos vieram de Cerro Alto e Santa Rosa. Eram componentes de uma quadrilha. Refugiavam-se nesta localidade porque havia muito mato e era fácil o acesso ao país vizinho,Argentina.